terça-feira, 9 de setembro de 2014

Projeto de fanfarra do Sindmussp começa na zona leste em Itaquera.

”Disciplina, Responsabilidade e Respeito”. Três palavras que ecoaram em alto e bom som vibrante, da voz dos trinta e cinco alunos revelando a seriedade e comprometimento de cada um, sob o comando do maestro Levy ao iniciar os ensaios da fanfarra.  
Foto: Marcos Santos
Maestro Levy iniciando o trabalho com a ordem unida.

Buscando ampliar os trabalhos sociais de levar música ás regiões carentes de São Paulo, o Sindicado dos Músicos está reforçando o seu time de colaboradores. Há um mês, o mais novo delegado sindical e maestro Levy Alves Silva está desenvolvendo um importante trabalho de inclusão social no Conjunto José Bonifácio em Itaquera- zona leste. Isso só está sendo possível porque foi firmada uma parceria do Sindmussp junto a Secretaria Estadual de Cultura e acordado com o governo do estado, a distribuição de  kits de instrumentos musicais específicos para fanfarras à esses estabelecimentos de ensino. 
Foto: Marcos Santos
O maestro Levy exibindo sua carteirinha de delegado sindical.

O presidente Gerson Tajes e o maestro Levy Alves Silva estão visitando essas escolas, levando informações detalhadas sobre o projeto da fanfarra e conscientizando os diretores sobre a importância desse trabalho que, de acordo com a lei nº 11.769 sancionada pelo presidente Lula em agosto de 2008 definindo a música como parte do currículo da educação básica das escolas públicas, já deveria estar bem avançada sendo que o prazo para cumprimento da lei era de três anos após sua publicação. Porém, ainda não aconteceu na imensa maioria dos colégios. 

O fato é que, o governo não preparou e nem capacitou pessoas para o ensino teórico e prático dessas atividades e, portanto, faltam profissionais para o preenchimento dessa grade curricular. Sabendo da importância que a música exerce como ferramenta de inclusão social, o Sindmussp resolveu tomar a frente dos trabalhos. “O nosso objetivo é fazer com que o instrumento musical chegue primeiro nas mãos dos nossos jovens, ao invés de armas e drogas". Ponderou Alemão. Segundo o maestro   João Carlos Martins em entrevista ao site Observatório da Imprensa, a música tem um poder transformador para construção de uma sociedade menos violenta e conclui: A música é muito poderosa, desperta amor nas pessoas, em quem toca e em quem ouve. A música pode ser melhor usada no combate ao flagelo da violência, especialmente junto aos jovens envolvidos com drogas e o crime organizado. Os administradores e formuladores de políticas públicas ainda não se deram conta do poder transformador da música. Digo sempre que a música é a “régua do mundo”. Se um governo vai bem, se uma empresa vai bem, se uma família vai bem, todo mundo fala que funciona como uma orquestra porque uma orquestra é o símbolo de harmonia”.
Foto: Marcos Santos
Maestro João Carlos Martins recebe Gerson Tajes em seu camarim antes do ensaio.
Baseado nesse e, em tantos outros relatos, essa é a máxima que o Sindmussp pretende implantar e, após a expansão e consolidação dos trabalhos, será possível ouvir o som agradável da música ecoando em cada esquina dos bairros periféricos, em vez de tiros, violência e choros das famílias . A primeira a implantar o projeto é a Escola Estadual Indiana Zuichyr Simões de Jesus na Cohab II em Itaquera dirigida por Terezinha Ramalho e a segunda é a  Escola Estadual Salvador Allende Gossens que está aguardando a chegada do kit fanfarra. Bem organizado, o colégio Indiana já conta com trinta e cinco alunos. Aqueles que se destacam nos ensaios ganham brindes como incentivo ao comprometimento. Mariana da Silva (9) Kauã Fernando (9) e Laryssa Rodrigues(12)  foram os premiados de hoje. As aulas são divididas em duas etapas: terças e quintas os alunos estudam percussão, quartas e sextas sopro e, os horários são das 11h30 às 12h45. 
Foto: Marcos Santos
Mariana, Kauã e Laryssa exibem as fotos que ganharam.

 Maestro Levy Alves dá um show de cidadania por meio da música.

Há mais de quarenta anos envolvido com música, o maestro Levy possui uma vasta experiência nessa área, já foi regente de bandas civis e militares. Como trabalho de inclusão social, o músico levou esse projeto para diversas unidades dos Centros de Educação Unificadas - CEU na zona leste de São Paulo entre eles: CEU Aricanduva, Azul da Cor do Mar, CEU Tiradentes, Água Azul e outros, nos quais formou uma orquestra jovem com cento e vinte integrantes além do coral. Foi por meio da Associação Meninos do Toque Tambor que o maestro chegou até essas unidades dos CEUs. “Esse projeto foi muito bom porque eu dava aula de todos os instrumentos: violão, violino, violoncelo, viola, contrabaixo, trompete, saxofone, flauta doce, trombone e muitos outros”. Destacou Levy .
Foto: Marcos Santos
Os alunos desses bairros periféricos tinham aulas teóricas e práticas e quando já estavam dominando as técnicas musicais participavam de apresentações em eventos. Pastor Levy como também é conhecido, já liderou trabalhos em várias igrejas evangélicas e até um coral italiano, inclusive, esse mesmo coral teve uma participação especial na abertura da novela global Terra Nostra. Porém, apesar dessas prazerosas experiências, segundo o maestro, o momento mais emocionante de toda sua trajetória na música foi na visita do Coronel General da China ao Brasil em junho de 1994. Na época, o 1º Tenente Levy regia o coral do 2º Batalhão de Guarda do Exército e para surpresa do Ministro de Defesa da China, os músicos, com a aprovação do Consulado Chinês executaram o hino nacional em mandarim. Com mais de trinta anos no Exército Brasileiro, Levy fez uma carreira brilhante e cheia de expressivas conquistas na área da música. Ainda soldado, começou como corneteiro clarim em 17 de janeiro de 1973. Dois anos depois fora promovido a graduação de Cabo Músico por ter sido aprovado em concurso de habilitação. Em 1976 e 1977 fora designado a dar treinamentos e preparar alunos para fanfarras de escolas de Campinas para comemorações da semana da Pátria. Em 1º de junho de 1978 foi promovido á graduação de 3º Sargento Músico.


No mesmo ano, fora transferido para o 2º Batalhão de Guardas por ter sido classificado naquela OM. Seis anos mais tarde recebia sua quarta promoção: 2º Sargento Músico em 1º de junho de 1984. Dentre outras missões, foi ressaltado o excelente desempenho do militar durante as solenidades de Guarda de Honra ao Ministro do Exército, e, acima de tudo, pela versatilidade demonstrada nas execuções das variadas músicas populares, marchas militares, clássicos eruditos em retreta na semana do Exército. Em maio de 1987 foi designado para selecionar e ensaiar o coral da 3ª Companhia da Guarda.  Dois anos depois conquista o título de 1º Sargento Músico em concurso de habilitação ficando em primeiro lugar. 

Em 1991 completa um ciclo de trezentas e quarenta missões com a Banda de música, sacrificando inclusive, suas férias para realizar treinamentos e solenidades. Além disso, o Sargento Levy prestou assistência espiritual e religiosa ao 2º Batalhão da Guarda em 1995 devido a ausência do capelão. No mesmo ano foi condecorado com medalha militar de prata por completar 20 anos de bons serviços prestados ao Exército. Em 1996 foi promovido a Subtenente por merecimento. Atuou com essa patente por seis anos e meio. Em 1º de junho de 2003 foi promovido a 2º tenente por merecimento, mas antes disso deu aulas na EsPCEx onde foi transferido por questões de necessidade  em maio 1999. Hoje, reformado e com a patente de 1º Tenente, o maestro Levy dedica todo o seu tempo e talento para ensinar música à jovens e crianças e segundo ele, este projeto irá expandir-se para as zonas: norte, sul e oeste.  
 
Foto: Marcos Santos
Alunos se preparando para o ensaio da fanfarra.

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